Por que você decidiu virar diretor de tecnologia da Harry’s??
Eu não me via como líder de tecnologia direta para o consumidor, mas minha decisão foi tomada quando vi a oportunidade de usar a tecnologia para ajudar a Harry’s a acelerar a revolução do mercado de bens de consumo. Os dois ou três principais concorrentes da área já estão no mercado há décadas. A visão da Harry’s para bens de consumo sacudiu o mercado de lâminas. A empresa lançou os produtos primeiro online, captou as opiniões dos clientes e aplicou mudanças rapidamente. Com isso, conseguiu dominar uma grande fatia do mercado com a estratégia simples de oferecer produtos de que os clientes gostavam, por um ótimo preço. Desde então, a Harry’s cresceu e lançou mais marcas e mais produtos.
Você não está na área executiva da Harry’s há muito tempo. O que gostaria de conquistar neste primeiro ano?
Duas coisas principais: tecnologia e pessoas. Em tecnologia, a questão são as plataformas internas que todas as nossas marcas podem usar para lançamentos rápidos.
Também temos uma incubadora, a Harry’s Lab, que pode lançar marcas e lojas de e-commerce com muita agilidade. Todas as novas marcas já estão lá, as marcas existentes estão migrando para lá e eu ainda estou definindo a visão e a evolução da plataforma para os próximos anos. E é claro que eu quero que todos amem o projeto.
Em segundo lugar, está ficando mais difícil contratar engenheiros, como você pode imaginar. É uma guerra de talentos. Atrair talentos e retê-los por muito tempo se tornou um problema difícil de resolver. Mas na Harry’s, eu tenho uma história que pode atrair interesse, e acho que contar essa história com clareza vai ser a chave para criar uma boa equipe.
Qual foi sua maior surpresa na área de tecnologia e inovação na Harry's?
Me surpreendi com a integração da tecnologia em todos os departamentos. Por exemplo: nossa equipe de marketing usava várias ferramentas internas que eles tinham criado ao longo de anos com a ajuda da área de TI, e nossas plataformas internas estão sempre otimizando páginas iniciais de marketing, usadas por milhões de clientes.
São produtos que criamos internamente para otimizar a experiência do cliente e aumentar o tráfego. Não são coisas básicas, do tipo “vamos criar um negócio aqui e ver no que dá”. O nível de conhecimento aqui não é comum em outras empresas. Não somos só uma empresa de bens de consumo; usamos tecnologia em tudo.
Outra coisa que me surpreendeu foi a complexidade de se vender produtos físicos em escala. Com o número de parceiros de vendas, você precisa de um bom “encanamento”, como o sistema ERP, para manter a eficiência operacional dos varejistas. Para mim, tem sido um aprendizado. Boa parte do meu trabalho é garantir a expansão de nosso ERP para centenas de países e milhares de varejistas.
O nível de conhecimento aqui não é comum em outras empresas. Não somos só uma empresa de bens de consumo; usamos tecnologia em tudo.
Os CEOs da Harry’s, Andy Katz-Mayfield e Jeff Raider, contam que querem criar uma família de marcas de bens de consumo embalados (CPG). Como o seu trabalho ajuda a concretizar essa ideia?
Toda a visão da nossa plataforma gira em torno disso. Leva anos para uma empresa tradicional de CPG lançar uma nova marca. Nós levamos um bom tempo fazendo o design e criando o produto físico para lançar um novo bem de consumo. Mas, depois de definido o produto, precisamos demonstrar que as pessoas querem comprá-lo.
Também é preciso entender se existe uma necessidade no mercado antes do lançamento. As pessoas vão clicar? Existe a necessidade de um novo sabonete líquido, por exemplo?
Nossa tecnologia ajuda a avaliar rapidamente esse espaço em branco, receber feedback sobre as ideias, lançar algo, entender do que os clientes gostam ou não e fazer mudanças e novos testes. A maioria dos produtos foi criada assim: primeiro lançamos direto ao consumidor e coletamos todo o feedback que conseguimos. Então lançamos a segunda versão e lançamos no varejo. Quando o produto chega no varejo, ele vende como água, porque já fizemos todo o trabalho anterior.
Você pode imaginar que, no varejo tradicional, para mudar qualquer coisinha, uma palavra na caixa, demora muito tempo. Mas o desenvolvedor consegue fazer essa mudança no site em segundos. É por isso que queremos mais feedback no começo do processo. Com nossa plataforma de tecnologia, isso é possível, conseguimos fazer mudanças rápidas com esses dados.
Quais são seus princípios para a construção da plataforma de tecnologia da Harry’s?
Temos cinco premissas básicas para a visão da plataforma. A primeira é que os clientes são a prioridade. Fazemos tudo pensando no cliente. Muitas empresas dizem que querem inovar, como a Amazon ou a Google, e é claro que também queremos inovar como elas. Mas não se pode inovar só por inovar. É preciso resolver um problema real do cliente, não reinventar a roda. O foco no cliente fez toda a diferença para nós.
A segunda é que usar a tecnologia é um diferencial. Só tentamos inventar quando acreditamos que a tecnologia será realmente importante. Para todo o resto, procuramos o formato de criação mais rápido, com soluções já conhecidas. Considerando que temos cinco marcas, vendendo em mais de cinco países, isso é muito importante. Esse número deve dobrar nos próximos cinco anos.
A terceira é que criamos tudo com neutralidade de marcas, para que as marcas da Harry’s adicionem suas particularidades e deem vida à nossa tecnologia de forma personalizada.
A quarta é a excelência operacional para clientes. A experiência deles é muito importante, seja para minimizar o número de erros, melhorando nosso desempenho e disponibilidade, ou para acelerar a implementação de recursos novos. A excelência operacional é fundamental, assim como sua integração ao nosso desenvolvimento de software.
Fazemos tudo pensando no cliente (...) Mas não se pode inovar só por inovar, deve ser feito para resolver probelmas reais dos clientes sem precisar reinventar a roda. O foco no cliente fez toda a diferença para nós.
Como a tecnologia da Harry’s está acompanhando as mudanças nas preferências dos consumidores?
Somos uma empresa omnichannel e queremos estar onde o cliente está.
Trabalhar com venda direta ao consumidor em primeiro lugar é nossa estratégia, é por isso que lançamos produtos online. Temos uma equipe completa de incubação que faz isso o dia todo. Ela analisa novas tendências, dados e áreas com lacunas de produtos para testar ideias, usando a tecnologia para descobrir se existe interesse em novas soluções. Se houver a possibilidade de um bom caso de negócios, começamos a desenvolvê-lo.
A equipe Harry's Labs é nossa incubadora, onde acontece esse trabalho. Ela já descartou ideias depois de seis meses de trabalho, mas também lançou o Cat Person, o Headquarters, e comprou uma empresa. Esses três projetos saíram da Harry’s Labs.
Para você, qual é o diferencial no alinhamento entre a Harry’s e a Stripe em termos de foco no cliente e valores?
A Stripe faz a parte “chata”, mas indispensável, que nos permite inovar em nome dos clientes da Harry’s. Para nós, isso é fundamental. Foi ótimo ver como a Stripe está indo além do processamento de pagamentos e criando cada vez mais funções, como as novas tentativas, detecção de fraudes aprimorada e muito mais.
Eu vejo a evolução da Stripe acompanhando a Harry’s e seu trabalho de fidelização de clientes, melhoria da conversão e globalização de nossa empresa, considerando todas as formas de pagamento que serão necessárias.
Nós queremos contar com a expertise da Stripe para resolver esses problemas. Não podemos montar uma equipe completa só para analisar churn e descobrir técnicas de fidelização. A Stripe é uma solução pronta para uso que funciona muito bem. Para nós, é um braço de consultoria, que faz boa parte do trabalho, cria soluções, e nós só precisamos apertar um botão.
Como a Stripe e a Harry's mantêm uma parceria eficaz em favor dos clientes?
A principal área, que eu achei incrível, foi há alguns meses, quando vimos o roteiro de produtos da Stripe e as soluções que estão sendo criadas. Às vezes, não sabemos em que áreas deveríamos nos concentrar, porque vemos os detalhes, mas não o panorama completo.
A Stripe é ótima com reconhecimento de padrões, analisando áreas onde podemos ajudar mais nossos clientes e garantindo a melhor experiência de compra online. Ver os tipos de problemas que a Stripe está tentando resolver chama a atenção de nossa equipe para detalhes que podem passar despercebidos e partes do funil que não estamos considerando. Assim, nossa parceria é muito, muito produtiva.
Para nós, a Stripe é um braço de consultoria que faz boa parte do trabalho, cria soluções, e nós só precisamos apertar um botão.