Pagamentos na Argentina: um guia detalhado

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Aceite pagamentos online, presenciais e de qualquer lugar do mundo com uma solução desenvolvida para todos os tipos de negócios, de startups em crescimento a grandes multinacionais.

Saiba mais 
  1. Introdução
  2. Situação do mercado
  3. Formas de pagamento
    1. Uso atual
    2. Novas tendências
  4. Facilidade e barreiras de entrada
    1. Impostos
    2. Estornos e contestações
    3. Pagamentos internacionais
    4. Segurança e privacidade
  5. Fatores de sucesso
  6. Pontos essenciais
    1. Aproveite os métodos de pagamento locais
    2. Entenda a complexidade cambial e regulatória
    3. Dê prioridade à segurança e ao combate a fraudes

A economia argentina exerce forte influência sobre os meios de pagamento locais. O histórico de instabilidade financeira sempre reforçou o uso do dinheiro em espécie, mas mudanças recentes mostram outro cenário. O volume de transações de e-commerce atingiu $33 bilhões em 2024 e deve alcançar $50 bilhões em 2027, evidenciando a transição acelerada para meios digitais.

Por outro lado, os desafios permanecem. A volatilidade do peso argentino (ARS) impulsionou alternativas como carteiras digitais locais (Mercado Pago e Ualá), que suprem as necessidades de públicos urbanos e mais jovens. O país também se fortalece pela relação comercial com Brasil, China e EUA, onde transações internacionais simplificadas se tornam fundamentais e ampliam o papel da Argentina no setor global de pagamentos.

Este guia analisa os fatores que moldam os pagamentos no país e traz informações essenciais para empresas interessadas em ingressar nesse mercado, incluindo:

  • Adoção de estratégias com métodos locais de pagamento
  • Entendimento da volatilidade cambial e das regras regulatórias
  • Foco em segurança e prevenção contra fraudes

Situação do mercado

O Banco Central da República Argentina (BCRA), que atua como banco central do país, desempenha um papel essencial na definição da política monetária e na regulação das instituições financeiras. Já a Comisión Nacional de Valores é responsável pela supervisão do mercado de valores mobiliários.

Embora o dinheiro em espécie ainda seja amplamente utilizado por diferentes faixas etárias e sociais, as transações eletrônicas vêm ganhando espaço. Um exemplo é o Ualá, que oferece um cartão vinculado ao seu aplicativo bancário para unir as funções de um cartão bancário tradicional com a flexibilidade de uma carteira digital. Até 2024, o Ualá atendeu mais de 9 milhões de clientes desde sua criação em 2017.

Os cartões de crédito também são largamente usados na Argentina. Essa ampla aceitação é sustentada pela elevada taxa de penetração da internet no país, que atingiu mais de 89% em 2023 e deve ultrapassar 95% em 2025. O maior acesso à internet também impulsionou o crescimento do e-commerce, com os argentinos usando com frequência cartões de crédito para pagar suas compras online.

Há ainda uma crescente preferência por pagamentos por aproximação, principalmente em áreas urbanas, onde a infraestrutura tecnológica já suporta esses avanços. Muitos argentinos também utilizam pagamentos por aproximação através de carteiras digitais em seus smartphones.

Formas de pagamento

Apesar da dependência histórica do dinheiro físico em muitas transações, a tecnologia vem transformando os pagamentos no país. Veja um panorama dos métodos mais populares atualmente.

Uso atual

O mobile banking e as operações online estão em franca expansão. Em 2023, as carteiras digitais registraram mais de 100 milhões de transações mensais. Soluções como o Mercado Pago conquistaram espaço ao oferecer uma forma prática de pagar contas, recarregar crédito e até investir.

O parcelamento no cartão de crédito (chamado “cuotas”) também é bastante comum: cerca de 77% dos lares utilizaram esse recurso em 2019. Ainda que cresça a preferência por pagamentos eletrônicos devido à praticidade e rastreabilidade, o uso de dinheiro vivo continua significativo. Em 2024, representava 27% das operações em pontos de venda. A escolha pelo dinheiro muitas vezes decorre da desconfiança no sistema bancário, consequência de crises econômicas passadas e preocupações com privacidade. O dinheiro físico transmite a sensação de maior controle para muitos consumidores.

O governo argentino e os órgãos reguladores vêm adotando medidas para modernizar a infraestrutura de pagamentos. O BCRA incentiva soluções digitais para alcançar a população desbancarizada e sub-bancarizada. Também foram aplicados limites para retiradas em espécie e incentivos aos pagamentos eletrônicos. Ainda assim, a inflação e outras pressões econômicas resultaram em controles rígidos sobre moedas estrangeiras, aumentando a preferência por ativos tangíveis, como o próprio dinheiro.

Métodos B2C mais comuns na Argentina

Métodos B2B mais comuns na Argentina

Novas tendências

Em 2027, estima-se que as carteiras digitais conquistem uma fatia maior do mercado de comércio eletrônico do que os cartões de crédito — 59% para as carteiras, em contraste com 25% para os cartões.

O Mercado Pago, derivado do gigante de e-commerce Mercado Libre, é um dos nomes mais reconhecidos do setor. Mais do que uma simples carteira digital, tornou-se uma solução financeira completa, com recursos para investimentos, pagamento de contas e recarga de saldo. Outro destaque é o Ualá. Ambas as plataformas foram desenvolvidas considerando os hábitos e preferências locais e apresentam forte adesão.

Facilidade e barreiras de entrada

Entrar no mercado de pagamentos argentino traz algumas dificuldades importantes. Confira os principais pontos.

Impostos

Tanto clientes quanto empresas são impactados pelo IVA (imposto sobre valor agregado). Na Argentina, a alíquota padrão é de 21%, mas pode variar para 10,5% ou 27%, dependendo do bem ou serviço. Os consumidores pagam o imposto diretamente em suas compras, enquanto os negócios devem recolher e repassar ao governo. Documentação correta e prazos de entrega são fundamentais, pois erros podem gerar penalidades.

Estornos e contestações

O BCRA estabelece normas para lidar com estornos e contestações. Existe um prazo específico (geralmente menor que em outros países) para os clientes contestarem transações não autorizadas. Assim que isso ocorre, a instituição financeira deve investigar e solucionar o caso. A tendência é que as decisões favoreçam o cliente, a menos que a empresa apresente provas consistentes da legitimidade da transação.

O país também possui leis rígidas de proteção ao consumidor, que destacam os direitos dos clientes em disputas. A Direção Geral de Defesa do Consumidor é o órgão responsável por supervisionar e garantir que o tratamento seja justo. Por isso, empresas argentinas trabalham de perto com bancos e processadores de pagamento para manter registros detalhados de transações.

Pagamentos internacionais

O mercado argentino tem características próprias, mas se conecta com o cenário global por meio do comércio exterior, da tecnologia financeira e de regulações. Veja os pontos de destaque.

  • Conversão de moedas
    O BCRA é responsável pela conversão de moedas e fixa a cotação oficial. Isso costuma provocar um descolamento entre o câmbio oficial e o chamado câmbio “blue” (a taxa “real” do mercado paralelo). Buscar formas legais de contornar a taxa oficial é prática comum: turistas, por exemplo, frequentemente enviam dinheiro a si próprios para aproveitar o valor do dólar blue, que costuma valer cerca de metade do câmbio oficial. Esse sistema de duas cotações cria obstáculos para empresas que realizam operações em moedas estrangeiras. Muitos argentinos acompanham as variações cambiais atentamente; plataformas online, aplicativos e jornais divulgam atualizações tanto do câmbio oficial quanto do dólar blue. Essa diferença entre taxas também incentiva a retenção ou o uso de dólares americanos ou de stablecoins lastreadas no dólar como forma de preservar estabilidade.

  • Transações internacionais
    Empresas e pessoas físicas que atuam em pagamentos internacionais precisam entender as regras de câmbio, ainda mais considerando os altos índices de inflação. O BCRA estabelece parâmetros para o acesso ao mercado cambial em conformidade com normas internacionais.

  • Controle cambial
    As dificuldades econômicas do país moldaram políticas de forte controle cambial. Essas medidas visam estabilizar o peso argentino (ARS), mas também geram obstáculos para operações internacionais.

Segurança e privacidade

A Argentina procura equilibrar o incentivo a negócios com a proteção dos consumidores.

  • Leis de proteção de dados
    A Lei de Proteção de Dados Pessoais regula a coleta e o uso de dados. Inspirada em normas europeias, exige consentimento explícito para a coleta de informações e garante aos cidadãos o direito de acessar, corrigir e excluir seus dados.

  • Direitos e proteção do consumidor
    A Direção Geral de Defesa do Consumidor fiscaliza os direitos dos clientes em transações financeiras. As instituições precisam ser transparentes, respeitar os consumidores e oferecer canais de contestação.

  • Diretrizes regulatórias
    O BCRA tem atuado de forma ativa na regulação de pagamentos móveis. Apesar de incentivar operações digitais para impulsionar a economia, também impõe normas de segurança e proteção de dados para as plataformas.

  • Pagamentos digitais e móveis
    O avanço rumo aos pagamentos digitais é evidente, com a expansão das soluções móveis e online. Essas ferramentas devem atender às mesmas exigências rigorosas do BCRA, que busca garantir a segurança do usuário.

Fatores de sucesso

Apesar das oportunidades, operar na Argentina exige atenção às condições econômicas, às constantes mudanças regulatórias e às tendências de mercado. Manter-se atualizado e agir com flexibilidade é fundamental para atuar de forma eficaz no setor de pagamentos argentino. Eis alguns pontos cruciais a observar.

  • Possíveis mudanças macroeconômicas
    Um dos grandes desafios da economia argentina é o histórico de inflação do país. Em fevereiro de 2023, a inflação anual superou os 100%, colocando a Argentina entre as nações com maiores índices do mundo naquele momento. Esse cenário gera dificuldades adicionais nos processos de pagamento, em especial nas operações internacionais, além de tornar as estratégias de precificação mais complexas.

  • Oscilações cambiais
    Devido à instabilidade do peso argentino (ARS), ajustes frequentes de preço e recalibrações se tornam indispensáveis. É recomendável que as empresas contem com sistemas que permitam a conversão de moedas em tempo real, garantindo valores precisos para os clientes e prevenindo perdas decorrentes de desvalorizações rápidas.

  • Principais parceiros comerciais da Argentina
    A Argentina mantém colaborações financeiras com seus países vizinhos por meio de iniciativas como o Mercado Integrado Latino-Americano, que busca unificar os mercados de ações dos membros. As parcerias comerciais exercem impacto direto no mercado de pagamentos argentino, seja pelas transações internacionais, pelas conversões cambiais ou pelo comércio em si. O Brasil se destaca como o principal parceiro, e ambos os países integram o Mercosul (Mercado Comum do Sul), um bloco que tem como objetivo facilitar o comércio e os pagamentos transfronteiriços.

  • Segurança e prevenção a fraudes
    O avanço dos pagamentos eletrônicos, sobretudo via carteiras digitais, trouxe a cibersegurança para o centro das preocupações. A adoção de sistemas de criptografia avançada e de métodos robustos de autenticação contribui para transmitir confiança ao consumidor e reduzir disputas.

Pontos essenciais

O mercado argentino abre muitas oportunidades, mas exige atenção a suas especificidades. Aqui estão algumas recomendações para navegar pelo sistema de pagamentos do país.

Aproveite os métodos de pagamento locais

  • Ofereça parcelamentos
    Na Argentina, o parcelamento no cartão de crédito, conhecido como “cuotas”, é amplamente utilizado. Disponibilizar essa modalidade em diferentes prazos permite alinhar-se aos hábitos de consumo e até ampliar o volume de vendas.

  • Integre métodos de pagamento locais populares
    Opções como Mercado Pago e Ualá já estão bem consolidadas entre os argentinos. Incorporá-las ao checkout oferece familiaridade aos clientes e pode agilizar o processo de finalização de compras.

  • Facilite transações internacionais
    Com uma economia fortemente voltada para exportações, a Argentina mantém laços relevantes com Brasil, China e Estados Unidos. Para lidar com clientes internacionais, é fundamental investir em gateways que ofereçam suporte a múltiplas moedas, observando sempre as exigências legais e fiscais.

Entenda a complexidade cambial e regulatória

  • Mantenha-se atualizado quanto às normas
    As regulamentações argentinas passam por alterações frequentes, sobretudo no que diz respeito ao câmbio e ao controle de capitais. Essa instabilidade pode dificultar os negócios que dependem de transações internacionais. Estar atualizado com as regras em vigor ajuda a operar sem interrupções e a evitar riscos de não conformidade.

  • Esteja ciente de que o acesso a gateways internacionais pode ser restrito
    Devido às políticas econômicas e ao controle cambial, muitos processadores globais de pagamento atuam de forma limitada no país. Isso cria entraves para empresas (especialmente de e-commerce) que buscam ampliar sua presença internacional, além de restringir o acesso de consumidores a determinados produtos e serviços.

  • Compreenda as particularidades do mercado de cartões de crédito
    O setor de cartões na Argentina apresenta características próprias. Grande parte das compras online é realizada em parcelas. Essa prática ajuda o consumidor a equilibrar suas finanças em cenários de alta inflação, mas traz complicações às empresas em termos de fluxo de caixa e projeção de receitas.

Dê prioridade à segurança e ao combate a fraudes

  • Garanta segurança em pagamentos móveis
    O crescimento dos meios digitais no país exige protocolos de segurança mais rigorosos. Embora o avanço de soluções como o Mercado Pago e o sistema nacional de pagamentos digitais, lançado pelo BCRA, demonstre evolução, ele também amplia a necessidade de infraestrutura digital sólida, de tecnologias de detecção de fraude e de medidas avançadas de cibersegurança.

  • Entenda o papel dos órgãos reguladores
    As autoridades argentinas vêm estabelecendo diretrizes para proteger os consumidores. Em 2022, o BCRA publicou regras de segurança obrigatórias para empresas que oferecem serviços de pagamento móvel.

  • Enfrente a fraude e a lavagem de dinheiro
    A Unidade de Informação Financeira (UIF) define padrões de combate à fraude, à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. Essa instituição exige que bancos e processadores implementem mecanismos de gestão de risco e comuniquem operações suspeitas.

O conteúdo deste artigo é apenas para fins gerais de informação e educação e não deve ser interpretado como aconselhamento jurídico ou tributário. A Stripe não garante a exatidão, integridade, adequação ou atualidade das informações contidas no artigo. Você deve procurar a ajuda de um advogado competente ou contador licenciado para atuar em sua jurisdição para aconselhamento sobre sua situação particular.

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